Fundação Getulio Vargas oferece oficinas de habilidades socioemocionais para alunos da rede municipal de São Paulo
No segundo semestre do ano passado, o Centro de Ciência Aplicada à Segurança Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV CCAS) implementou a 1ª fase do projeto piloto do Programa Na Moral em sete escolas municipais da Diretoria Regional de Santo Amaro, em São Paulo.
No segundo semestre do ano passado, o Centro de Ciência Aplicada à Segurança Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV CCAS) implementou a 1ª fase do projeto piloto do Programa Na Moral em sete escolas municipais da Diretoria Regional de Santo Amaro, em São Paulo. O projeto consiste numa série de oficinas lúdicas voltadas para alunos de 13-15 anos e focadas no desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
Estudos mostram que a adolescência é um período da vida onde as crianças entram num profundo processo de transformação de atitudes, hábitos e comportamentos. Cientistas contam que as estruturas cerebrais responsáveis pelo controle de impulsos estão em amadurecimento, logo é comum que nessa fase da vida o comportamento seja emitido de forma rápida e impensada.
“Hoje o currículo básico escolar no Brasil não possui elementos voltados para ajudar os alunos a gerenciar emoções e se comunicar de forma assertiva e não violenta. Quando a família não consegue se atentar para esses problemas, o acompanhamento da escola é ainda mais crucial”, conta Joana Monteiro, coordenadora do FGV CCAS.
Segundo os pesquisadores, o objetivo do projeto é atacar o problema de maneira eficaz e focal, ajudando os adolescentes a reduzir comportamentos automáticos e impulsivos, interrompendo padrões de condutas violentas. “Ao longo do programa, eles são incentivados a racionalizar seus comportamentos, transformando tomadas rápidas e impulsivas de decisão por uma reflexão mais lenta, consciente e reflexiva”, completa Joana.
O projeto foi ofertado para 300 alunos das sete escolas selecionadas, sendo estas: EMEF Almirante Ary Parreiras, EMEF Almirante Sylvio Heck, EMEF Bernardo O Higgins, EMEF Chiquinha Rodrigues, EMEF Isabel Vieira Ferreira, EMEF Prof. José Rezende e EMEF Min. Calógeras. Ao todo foram 212 alunos inscritos, 12 turmas formadas e 124 oficinas realizadas entre outubro e dezembro de 2022.
A Fundação Getulio Vargas contou com a cooperação da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME) e do Núcleo de Apoio e Acompanhamento para Aprendizagem (NAAPA) para contactar as escolas e implementar as oficinas. O trabalho em parceria permitiu que projeto piloto trabalhasse as habilidades socioemocionais propostas pelo currículo e também que acolhesse os jovens em estado de vulnerabilidade emocional.
“A gente tem muitos conflitos. Muita comunicação violenta, muita intolerância e a falta de disponibilidade para ouvir o outro. Eu acho que isso é bem trabalhado nas oficinas. [...] A gente fala muito de acolhimento atualmente, mas o que de fato é acolher? É uma escuta afetiva. É você ouvir aquele jovem e também propor para ele uma reflexão e possibilidades de melhora. Não é simplesmente ouvir por ouvir”, relata Ana Claudia, coordenadora do NAAPA.
O NAAPA atende às unidades educacionais da rede municipal no desenvolvimento de práticas pedagógicas para crianças e adolescentes que sofrem por situações sociais, culturais ou emocionais. Segundo a coordenação, as oficinas também serviram como rodas de conversas, onde poderiam surgir relatos ou denúncias que seriam prontamente encaminhadas pela equipe gestora ao NAAPA.
Resultados e próximos passos
Segundo a equipe, o objetivo da primeira fase era validar o currículo e entender a viabilidade de encaixar o programa na rotina escolar. Os facilitadores indicaram a relevância das oficinas e o entusiasmo dos alunos. “Eles chegavam, muitas das vezes, dispersos ou tímidos, mas no final dos encontros a animação era mais alta”, conta um dos mediadores. Ao final das oficinas, os alunos participantes avaliaram o conteúdo como muito importante para sua vida e classificaram como muito alta as chances de recomendar o programa para um amigo ou amiga.
Em março desse ano, começou uma 2ª etapa da 1ª fase do projeto piloto, que visa ofertar as oficinas para nas mesmas escolas. Já no próximo semestre, iniciará a 2ª fase do projeto onde as oficinas serão ofertadas para 1200 alunos da rede municipal de São Paulo.
“O projeto segue uma metodologia que visa subsidiar a criação de políticas públicas de prevenção voltadas para o público nacional. Na fase 2, o desafio é expandir as parcerias com as escolas para atender os jovens de maneira que seja possível avaliar o impacto do programa e definir seus efeitos no comportamento dos alunos”, conta Rafael Aquino, coordenador executivo do projeto.